Adentrar na casa das pessoas por meio da tecnologia, e, assim, levar conhecimento com segurança. Há um ano e meio, desde que os protocolos e restrições à COVID-19 foram implantados no estado, na segunda quinzena de março de 2020, a Urcamp vem trabalhando de forma remota. O ensino, tanto da graduação quanto dos Colégios da Urcamp, foi virtualizado, sem perder a interação e a qualidade da aprendizagem.
Em meio à pandemia, funcionários e professores retornavam aos seus lares sem data certa para voltar aos corredores da Urcamp. Assim como eles, os alunos também iniciavam o seu isolamento social, deixando as cadeiras das salas de aula vazias. Porém, por mais que os prédios da Instituição estivessem sem seu fluxo diário, a educação não podia parar. Foram implantadas, dessa forma, as aulas virtualizadas, por meio de videoconferências no Google Meet e intensificadas as atividades na plataforma que já era habitual aos acadêmicos, o Moodle.
A reitora do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp) e presidente da Fundação Attila Taborda, professora Lia Maria Herzer Quintana, faz uma reflexão acerca da virtualização das aulas mas, acima de tudo, sobre o envolvimento fundamental dos familiares dos estudantes. “Com a mudança dos ensinos virtualizados e da própria pandemia, as famílias todas estão mais em casa e todos mais atentos ao que está acontecendo. Uma vez que tu faz uma aula virtualizada, tu entra na casa das pessoas por um canal digital, de comunicação. E isso é importante porque muitas vezes tu faz a formação, ajuda na formação, os pais, às vezes, têm a formação, mas o fundamental é que eles conseguem avaliar o quanto é importante o ensino, o desenvolvimento, o conhecimento, pois desperta nas pessoas o que o indivíduo tem de melhor, que é a capacidade, o conhecimento. Vale destacar que o desenvolvimento de qualquer nação, de qualquer país, de qualquer pessoa, se dá através do aprendizado”.
Seguindo os protocolos de segurança dos municípios e do estado do Rio Grande do Sul, a Urcamp transformou a casa de cada aluno, funcionário e professor, em um escritório e sala de aula compartilhada através da tela dos chromebooks, notebooks, computadores, tablets e celulares. Foi possível, graças ao empenho da Gestão e de cada membro que compõe a comunidade acadêmica, não perder a qualidade e proporcionar uma aprendizagem sem atraso aos estudantes. Lia Quintana pondera que a educação faz parte do desenvolvimento do ser humano, da sociedade, das relações, e que essa troca de conhecimento está aquém da sala de aula. “Esse aprendizado não é necessariamente o aprendizado acadêmico, a regra, mas, sim, o aprendizado como um todo. Então, quando tu troca essa ideia, lembrando que em nosso modelo educacional a gente, também, aprende com os alunos e que, por óbvio, a gente vai aprender com as família, talvez, iremos preencher alguns vazios que a própria pandemia está nos fazendo em função do distanciamento social”.
Essa inversão, de levar a faculdade e os colégios para dentro da casa dos nossos estudantes, foi estruturada rapidamente, pois o quadro docente já era adepto aos recursos tecnológicos, o que facilitou a virtualização do ensino. Para a pró-reitora de ensino da Urcamp, professora Virgínia Paiva Dreux, esse é um avanço que reforça o comprometimento da Instituição. “A gente precisou só de dois dias, lá em março de 2020, para se adequar e começar as atividades de forma remota e estamos assim ao longo de todo esse tempo com toda a formação docente de forma continuada. Os nossos professores se capacitam todos os meses, através de oficinas, e o resultado está aí, todo mundo com todos os conteúdos em dia; a gente não está atrasando a conclusão dos semestres e isso nos dá um estímulo muito grande”.
Todos os dias, no horário das aulas, o professor acessa o Moodle, migra para o Google Meet e encontra suas turmas. Porém, há mais de um ano esse encontro não é apenas com aquele aluno matriculado, mas com sua família. Virou rotina assistir às aulas enquanto o acadêmico está preparando o jantar, ou ajudando o seu filho com as tarefas de aula, compartilhando o conhecimento com cônjuges ou namorados. Foi possível obter a aprendizagem e, ao mesmo tempo, equilibrá-la com os tantos afazeres que são parte de quem está em casa.
Virgínia Dreux enfatiza que esse encontro, através das aulas, com os familiares é motivo de orgulho e responsabilidade da Instituição. “A Urcamp se orgulha muito de toda comunidade, professores, funcionários, estudantes que, há um ano e meio, estão assistindo e dando aulas dessa forma. A gente tem muita responsabilidade a partir do momento em que está dentro das casa das pessoas todos os dias. Já ouvimos muitos depoimentos, neste tempo, de pais e mães, maridos, esposas, de que é um aprendizado para todo mundo. Além do conhecimento do curso, é, também, um aprendizado de vida, no momento em que faz a gente se refazer, pois têm que fazer várias atividades ao mesmo tempo, assistindo aula, cuidando da casa, atendendo os filhos”.
O ensino remoto permite a interação em tempo real entre professores e estudantes, mas, também, requer comprometimento por parte do acadêmico que estava ambientado ao ensino presencial. Para Maria Eduarda Lima, acadêmica do curso de Direito, campus Bagé, a virtualização das aulas foi fundamental para que não houvesse atraso em sua jornada, além de proporcionar encontros que, em tempos normais, talvez não acontecessem. “Acredito que a URCAMP acertou em manter as aulas de forma virtualizada. Enquanto muitos estudantes tiveram uma grande pausa nas suas, nós seguimos mantendo contato com os professores diariamente por meio das videochamadas. Tivemos todos os materiais disponibilizados por meio da plataforma Moodle. Inclusive eventos como a Semana Jurídica puderam ser mantidos, tendo ainda a oportunidade de assistirmos a convidados que talvez presencialmente não poderiam comparecer. Isso contribuiu também para manter a previsão de conclusão do curso, sem atrasos. O uso da tecnologia à disposição facilitou muito!”, relatou.
Hoje, quase um ano e meio depois de voltarmos às nossas residências, seguimos em casa, isolados. Porém, andamos tal qual seria se estivéssemos nas salas presenciais. O que mudou foi a maneira de interagir através da tecnologia, além da inversão. Agora, ao contrário dos alunos irem para a Urcamp, é a própria Instituição que adentra diariamente seus lares, conhecendo e se deixando conhecer pelos familiares, profissionais já graduados que têm a possibilidade de revisar conteúdos que não viam desde os bancos acadêmicos. O conhecimento passou a ser um aliado sem fronteiras, que chega independentemente do ouvinte ter ou não um número de matrícula. Nossos estudantes são também aqueles que desejam aprender. São pais e mães que acompanham a rotina de estudo dos filhos. São animais de estimação que já se tornaram mascotes das turmas. São crianças que chegam ao colo dos pais e que enchem o nosso coração de ternura.
A pandemia nos afastou fisicamente, mas proporcionou elos que, presencialmente, talvez nunca pudessem acontecer. Seguimos aguardando ansiosamente pelo retorno aos prédios da Urcamp. Porém, enquanto não podemos, seguimos longe, mas cada vez mais perto. “Isso é o legado dessa pandemia: a gente se reinventar e saber que toca e chega na casa de muita gente. Acessa muito mais pessoas do que realmente o nosso número de alunos. Não deixa de ser, também, um orgulho, porque a gente está fazendo isso da melhor forma possível, com a qualidade no ensino”, encerra a pró-reitora de ensino.
Para finalizar, a reitora Lia Quintana traz uma mensagem que agrega aos acadêmicos mas, também, àqueles que ainda pensam sobre qual profissão escolher em um futuro próximo: “O mais importante da formação e das virtualizações das aulas, é compreender que não são todos os trabalhos que podem ser virtualizados, mas que a grande maioria, quando têm formação do ensino superior e tem um pouco mais de qualificação no mercado de trabalho, possibilita o teletrabalho”.